Daniele me ligou perguntando se eu faria o enfeite da porta da maternidade de sua filha. Eu disse que sim e marcamos para o mesmo dia, pois ela já estava nas ultimas semanas de gestação.
Linda, jovem, sorriso radiante, ela subiu a escada com cuidado e esforço. Da cadeira onde se sentou para descansar olhou a loja, em atitude de procura, de reconhecimento…
Com calma, foi imaginando o painel, com os elementos que selecionou, eu anotando os detalhes, acolhendo, construindo a imagem mental. As cores do escudo de Micael para o fundo. A cor do bordado: marrom, violeta? E passarinhos, dois, o bebê no ninho e a irmãzinha, no galho florido. A frase ela já havia escolhido: uma fala de Riobaldo, em Grandes Sertões Veredas, revisitada.
Foi com grande alegria e com reverência que construi este sonho. Por muitos dias vivi estas cores e formas. Dormi e acordei refletindo sobre o mundo, as crianças.
Sim, o mundo é nossa construção e pode ser reconstruído. Como? Recebendo cada nascimento como um novo impulso, recebendo com carinho, com respeito estas estrelinhas que chegam para nos transformar.Acolhendo a criança e nos deixando conduzir pelo seu olhar, por seus dedinhos espertos que nos mostram cada detalhe, cada bichinho, Escutando com reverência as palavras lindas que elas criam para nomear tudo o que existe, o que é vivo e o que é apenas sentido.
A Terra é a mãe generosa. O Mundo é a forma como escolhemos viver nesta casa maravilhosa, o Mundo é o Lar que plasmamos.
E o Mundo recomeça, a cada dia, a cada instante, quando nasce uma criança!