Faço bichos de pano desde criança. Depois do meu primeiro contato com a Antroposofia, na década de 80, meus bichos foram mudando, perdendo detalhes e ganhando formas mais naturais.
Fui fornecedora e depois compradora da Loja da Editora Antroposófica, onde recebi muitos artesãos com trabalhos bem feitos, bonitos, mas exagerados e estilizados. Eu sempre fazia o mesmo desafio: você aceita fazer menos, tirar detalhes, mudar algumas formas? Muitos aceitaram e os produtos ficaram lindos.
Menos! É o desafio ao fazermos bichos. As características devem ser dadas por forma, cor e gesto, com o mínimo possível. Sim, uma raposa é avermelhada e isso diz muito sobre o que é ser uma raposa. Sim, a criança está certa quando diz que a semente com espinhos é um ouriço e a casca da noz uma tartaruga. Nossos bichos devem ser simples como a natureza é.
Os que acompanham a página do Facebook e o blog sabem que estou aprendendo a feltrar com a Nadja Montenegro Ricci e estou adorando. Nós não chegamos nos bichos ainda, mas tenho feito minhas tentativas.
Quero dividir com vocês duas fotos e o processo pelo qual passei, ao tentar fazer uma centopeia.
Vejam a foto 1
Na primeira tentativa a peça ficou bonitinha, mas coloquei nela as formas prontas que chegam até nós todos os dias e nem percebemos. Os gomos estão muitos definidos, e ela se parece com um brinquedo de plástico, feito com lã. Olhei bem para ela e me lembrei de todas aquelas ilustrações de centopeias com um sapatinho em cada pé e um laço de fita na cabeça. Imagem que tenho dentro de mim.
Fiz o meu esforço, me perguntei se aceitava fazer menos. Procurei imagens do bichinho, interiorizei essas imagens e consegui o resultado da peça 2: feltragem mais leve, gomos apenas insinuados. Centopeia, cobra, lagarta – o que mais?
Simples não? Menos num brinquedo, vira mais no brincar!
Abraços
Fátima Rodrigues